terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O futebol o reverencia: muito obrigado, Ronaldo!

Todo fim de um ciclo é visto com estranhamento. Se o ciclo for positivo e repleto de boas recordações, a dificuldade em aceitar o seu término é ainda maior. O anúncio da aposentadoria de Ronaldo representou  o encerramento de uma carreira brilhante e já deixa saudades pelas lembranças de um dos maiores atacantes da história do futebol mundial.

Fãs dos mais diferentes países acompanharam de maneira triste o anúncio da aposentadoria de Ronaldo. Pretendendo encerrar a carreira no fim de 2011, o Fenômeno pôs fim a uma série de especulações e decidiu parar de jogar devido aos seguidos problemas de contusões e a dificuldade em perder peso por conta do hipotireoidismo. "Perdi para o meu corpo", afirmou de maneira visivelmente triste e chateada. Ronaldo queria jogar mais, tem vontade e cabeça para isso mas não consegue superar as limitações físicas que as contusões e o excesso de peso lhe impõem.

A aposentadoria de Ronaldo representa o final de uma vitoriosa fase do futebol brasileiro. O atacante partiu cedo para a Europa e tornou-se um verdadeiro "popstar" com sua carreira de ascenção meteórica. Jogando por Barcelona ou Real Madrid, Internazionale de Milão ou Milan, foi ídolo por onde passou...  Em uma carreira digna de filme, o jogador conquistou o respeito e idolatria de todas as torcidas, sem excessão. Seja com o carregado erre do interior de Minas Gerais (onde começou no Cruzeiro) ou no sotaque de um europeu tentando pronunciar seu nome... E por falar em pronúncias marcantes, como não lembrar de Galvão Bueno e o delírio com o "Rrrrrrrrronaldinho" e o erre alucinado da narração dos 15 gols que o tornaram o maior artilheiro de todas as Copas?

                     
O talento, a habilidade, o poder de finalização e os arranques incontroláveis rumo ao gol adversário fizeram o nome de Ronaldo ser comentado como um dos maiores (e para muitos o maior) atacantes da história do futebol após os anos 90. Futebol moderno, rápido, de intenso preparo do corpo e da cabeça. Durante a maior parte de sua carreira, Ronaldo esbanjou vigor físico e derrotou um a um dos seus adversários dentro e fora de campo. Que o digam os defensores que tentavam o parar a qualquer custo e os goleiros que sucumbiam diante de sua clássica pedalada antes de finalizar para o gol. Que o digam todos aqueles que não acreditaram no seu poder de superação e em seu retorno aos gramados após as graves lesões que foram os momentos mais difíceis de sua carreira.

Ronaldo tornou-se referência no futebol pelo seu sucesso dentro de campo e fora dele. Um marco que virou uma marca. Inúmeras foram as empresas que aproveitaram a identificação do público com o jogador e sua imagem diretamente ligada às vitórias e à superação. O jogador foi símbolo de uma era onde a imagem do ídolo foi explorada ao máximo dos limites dos limites do consumismo. Da roupa ao creme de barbear. Do carro ao celular... Fenômeno também no marketing, Ronaldo conseguiu uma legião de fãs mesmo de times os quais nunca defendeu.

Após mais de 12 horas do anúncio de sua aposentadoria, o estranhamento continua e parece que não terminará tão cedo. Já parou para pensar como é estranho ver futebol e não ter mais a emblemática figura do jogador que eternizou a camisa 9 assim como Pelé fez com a número 10? Sorte daqueles que tiveram a oportunidade de ver Ronaldo em campo e comemorar com cada surpresa que ele surgia da tal caixinha que dizem ser o futebol.

Muito obrigado, Fenômeno!


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Frases sobre a aposentadoria de Ronaldo:

"O previsível fim chegou. Não há quem não fique doído como os joelhos destroçados dele. A dor de imaginar quanto mais ele não faria se não fosse o peso das dores patelares dos últimos 12 anos e dos quilos a mais nos últimos sete. A dor de ter certeza que dali não vai mais sair gol.Ronaldo é um fenômeno não pelo insólito e pelo inédito. Mas pelo fenômeno de ser sempre fenomenal." - Mauro Beting, jornalista.


"A tristeza não é pelo modo como Ronaldo parou ou foi parado pela falta de modos. A dor é por saber que, gordo ou magro, velho ou jovem, parado ou correndo, a esperança de que dali sairia algo fenomenal ninguém vai ter mais. Porque poucos, na história, foram tão imprevisíveis quanto ele na previsibilidade de que, de algum jeito, a bola pararia no fundo da rede." - Mauro Beting, jornalista.

"O maior artilheiro da história das Copas se aposentou após 18 temporadas brilhantes. Ronaldo se despediu do futebol, mas será difícil que o futebol se despeça dele” - do jornal argentino "Clarín"


"Agora, que ele deixa os gramados, defrontaremo-nos com a resposta do episódio mais discutido nos últimos anos. E não é a balança quem vai revelar o peso de Ronaldo, mas a História.Valeu, Fenômeno." - Thiago Crespo, Jornalista

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

De herói a vilão: o que aconteceu com Bruno César no Corinthians?

De grande destaque e artilheiro do Corinthians em 2010 a quarta opção de Tite para o meio de campo. É estranho ver o que aconteceu com Bruno César na equipe e analisar a forma como foi sacado do time titular.

Após grande desempenho no último ano, o meia era visto como um dos principais jogadores para o time e nome garantido para a titularidade no meio de campo. Rápido, bom finalizador e capaz de criar boas jogadas ofensivas ao time. No entanto, após algumas partidas ruins no início do campeonato Paulista em 2011, Bruno César foi para o banco de reservas e, em alguns jogos, sequer foi relacionado.

De titular absoluto a não relacionado para as partidas. Bruno César perdeu seu espaço no Corinthians por desentendimento extra-campo

Na véspera da segunda partida contra o Tolima, na Colômbia, o técnico Tite anunciou que entraria com o volante Paulinho no meio de campo no lugar de Bruno César. A torcida não entendeu, mesmo sabendo que o Corinthians não precisava ir para cima do adversário uma vez que dependia de um simples empate com gols, resultado que garantiria a classificação para a fase de grupos da Libertadores. O Corinthians tomou dois gols do Tolima, precisava partir para cima do adversário e Tite fez três alterações (incluindo a entrada de Edno) mas não chamou Bruno César.

A estranha queda de confiança em Bruno César coincide com uma discussão ocorrida entre o jogador e Ronaldo. Após chegar para o treino direto de uma balada, Bruno César teria sido cobrado por Ronaldo por não estar realizando boas partidas, não tocar a bola em campo e por ter chegado ao treino direto de uma festa. Bruno César respondeu ao atacante dizendo que ele não seria exemplo por estar fora de forma e que, por isso, tinha de correr dobrado em campo.

Tite e a diretoria corinthiana não gostaram da discussão e resolveram afastar Bruno César informalmente. O meia, desde então, não voltou a ter muito espaço no time e, nas vezes em que entrou, foi sempre o primeiro a ser substituído. O meia e o técnico foram a imprensa e disseram não ter ocorrido nenhum desentendimento no grupo. O relato da discussão, porém, coincide com o afastamento repentino do jogador e com sua insatisfação com sua nova condição de reserva do reserva.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ao melhor estilo Winning Eleven, Wayne Rooney marca golaço de bicicleta

O Manchester United venceu o Manchester City por 2 a 1 no clássico do futebol inglês e, além de ficar mais perto do título, praticamente encerrou as chances do maior rival na disputa da Premier League.





Aos 33 minutos do segundo tempo, com o jogo empatado em 1 a 1, Wayne Rooney desempatou em um lance digno do mais viciado jogador de videogame. Após cruzamento de Nani, Rooney ajeitou o corpo e deu uma bicicleta perfeita, colocando a bola no ângulo esquerdo do goleiro Joe Hart que sequer se mexeu... Golaço e vitória dos Reds!

Após eliminação precoce na Libertadores e ameaças, Roberto Carlos deixa o Corinthians

O presidente corinthiano Andrés Sanchez fez o anúncio oficial de que Roberto Carlos não é mais jogador do clube e acertou a sua transferência para o Anzhi Makhachkala, clube do futebol russo. O lateral esquerdo revelou estar sendo perseguido e sofrendo ameaças após a precoce eliminação alvinegra na Libertadores da América e o seu baixo desempenho técnico no início da temporada.



Independentemente do futebol apresentado pelo jogador, deve-se pensar no fator que motivou o lateral a sair do Corinthians. A saída de Roberto Carlos é só mais um episódio de violência das torcidas do futebol brasileiro com um lamentável desfecho. Jogando bem ou mau, qualquer jogador de futebol merece respeito e não pode ter a sua vida pessoal sacrificada pelos resultados obtidos em campo. Ao ser perseguido e ameaçado de morte, Roberto Carlos expõe um fato que ultrapassa as quatro linhas e toda a paixão que envolve a relação entre clube e torcedor.
A denúncia do jogador é grave e não pode ser deixada de lado assim que sua transferência para o exterior se concretizar. A continuidade das brigas, ameaças e vandalismo no esporte se deve principalmente a falta de interesse em prosseguir com as investigações e a ausência de penas eficazes para estes "torcedores".

Roberto Carlos no dia de sua apresentação no Corinthians, em janeiro de 2010. Após chegar para "se juntar ao bando de loucos", sai ameaçado por parte deles.


Acostumado com a pressão da torcida e sendo uma das principais vítimas após o vexame da Seleção Brasileira na Copa de 2006, o jogador está habituado a pressão por resultados. Caso continuasse no Corinthians, saberia lidar com a situação e sua experiência o faria dar a volta por cima. Apesar de seus 37 anos, Roberto Carlos ainda tem futebol para mostrar e possui invejável nível técnico e físico, estando sem dúvida entre os melhores laterais esquerdos do futebol brasileiro atualmente. No Brasileirão do ano passado, foi eleito o melhor lateral esquerdo e calou muitos críticos com seu apoio ofensivo, seus poderosos chutes e pelo fato de ser incansável em campo, demonstrando a raça e a vontade que todo torcedor gosta de ver.

Sem ambiente para permanecer no clube e sem paz em sua vida particular, Roberto Carlos decidiu tomar outros rumos. O acerto com o clube russo renderá mais de R$ 22 milhões ao jogador durante os dois anos de contrato, valor superior ao que receberia se ficasse no Corinthians. Apesar das altas cifras envolvendo a transferência, não se pode menosprezar as ameaças feitas ao jogador e alegar que a saída do clube é somente pela questão financeira.

Com a saída de Roberto Carlos, a lateral esquerda do Corinthians fica com um grande problema. Fábio Santos, contratado para ser seu reserva imediato, não tem futebol para assumir a titularidade. Revelado pelo São Paulo e com passagens por Cruzeiro e Grêmio, o jogador teve sua carreira marcada pela irregularidade e não conseguiu se firmar nos clubes por onde passou. Outra opção seria utilizar Marcelo Oliveira, nome que também não agrada a torcida.

Caso o Corinthians não acerte a contratação de algum outro nome de maior confiança da torcida para a lateral esquerda, em pouco tempo os mesmos que pediram a sua cabeça estarão condenando a presidência alvinegra por ter permitido a sua saída...

A força do espetáculo

Nunca fui um grande seguidor de esportes de lutas marciais, mas sempre gostei de assistir os grandes embates do boxe. Não foram poucas as vezes em que acordei de madrugada (ou virei a noite acordado) para assistir Mike Tyson precisar de poucos segundos para nocautear seus adversários ou torcer pelo brasileiro Acelino "Popó" Freitas.

Não acompanhava uma luta há algum tempo, desde a aposentadoria de Popó. Vez ou outra, assistia algum confronto nas mais diferentes categorias das artes marciais e comemorava o sucesso dos brasileiros que bravamente representavam o país em competições Olímpicas. Sempre valorizei o trabalho e dedicação dos esportistas brasileiros que praticam outro esporte a não ser o futebol e conseguem obter sucesso mesmo sem nenhum patrocínio ou incentivo.

A luta do último final de semana entre Anderson Silva x Vitor Belfort foi assunto para toda a mídia esportiva. O "confronto do século", como disseram os críticos e praticantes do esporte, valia muito mais do que o cinturão dos pesos médios no Ultimate Fighting Championship (UFC). Em jogo estava a supremacia em um confronto de dois brasileiros, Anderson avassalador e considerado imbatível em sua categoria, contra Vítor que acabava de recuperar-se de lesão e estava e sem ritmo de luta para encarar um duelo desse porte. O currículo de Belfort dispensava comentários, mas os críticos alertavam sobre a superioridade de Anderson.

Além do confronto entre os dois brasileiros extremamente vencedores, a expectativa pela luta cresceu com uma suposta traição de Belfort. Ambos treinavam juntos no time de Anderson, mas Vitor quebrou uma tradição existente no esporte e solicitou uma luta com o amigo, atual detentor do cinturão dos pesos médios. Sentindo-se traído, Anderson aceitou o desafio e na prévia do duelo fez uma série de provocações, insinuando ter um duelo fácil e engraçado pela frente.

Anderson Silva é daquele tipo de esportista que transforma sua disputa em show e constrói um personagem nos bastidores. Apesar da voz fina e da fala tímida, o lutador não perde uma oportunidade de provocar o adversário ou se auto-afirmar para a imprensa ao dizer, por exemplo, que a luta do século seria ele contra si próprio. Para aqueles que não acompanham o esporte e pouco conhecem sobre a carreira de Anderson, a conclusão é imediata: um homem frio e arrogante. Por outro lado, quem convive com Anderson ou o conhece há mais tempo, afirma que o lutador criou um personagem e faz esse tipo de declaração somente para gerar ainda mais expectativa para a luta e aumentar a pressão por mais uma vitória.





Na semana do confronto, Belfort concedeu entrevista e afirmou que Anderson era mascarado e tentava passar uma imagem de algo que não era. Na véspera, ao se encontrarem para a pesagem oficial, Anderson vestiu uma máscara de plástico e encarou Vítor de maneira provocativa. Enquanto os fãs de Belfort se irritavam com a postura do adversário e esperavam ansiosamente por uma vitória para fazer o adversário aprender a falar menos antes de uma luta, a torcida de Anderson queria ver mais um massacre do maior nome do esporte no Brasil em tempos atuais. Em meio a todo clima criado, o espétáculo crescia e despertava o interesse até de quem jamais pensava em assistir um confronto do UFC.





No octógono, vitória incrível de Anderson. Após pouco mais de três minutos, um chute certeiro atinge o queixo de Vítor e o leva ao chão. Surpresa para muitos, mas não para Steven Seagal, famoso ator norte-americano especialista em artes marciais e amigo pessoal de Anderson que o ajudou a treinar exaustivamente o golpe aplicado na luta. Decretada a vitória, Anderson comemorou rapidamente com o público e logo retornou ao centro do octógono para falar com Vítor que ainda estava atordoado no chão. Um abraço entre os lutadores e um gesto de reverência de Anderson para Vítor, provando que o respeito e a amizade existente entre os dois não foram esquecidos.

Independentemente do resultado, o esporte prevaleceu. O chute fatal de Anderson em Belfort não teria sido um dos principais assuntos esportivos da semana se não houvesse uma história tão relevante nos bastidores e se os lutadores decidissem falar somente após a luta para "respeitar o adversário". Ah se fosse no futebol...