Em foto que resume jogo, Liedson marca um de seus três gols na partida. Goleada com direito a falha de Ceni fez a festa da torcida corintiana. |
São Paulo e Corinthians faziam o clássico pela sexta rodada do Brasileirão. Era o duelo de líder contra vice líder e em campo a disputa ia muito além dos três pontos e da briga pela primeira colocação. Como se não bastasse o contexto atual do Campeonato Brasileiro em que o São Paulo lidera após conseguir cinco vitórias consecutivas, a rivalidade do jogo extrapolava as dimensões das quatros linhas com as constantes disputas de bastidores entre tricolores e alvinegros.
A guerra entre São Paulo e Corinthians se transformou em uma batalha de egos entre Juvenal Juvêncio e Andrés Sanchez. Os mandatários querem mais do que colocar os estádios dos times que comandam na Copa de 2014 ou garantir a maior cota de patrocínio para suas equipes. A rivalidade entre os comandantes dos discursos prontos e recheados de alfinetes é cansativa e prejudicial aos clubes que perdem poder nesta briga sem fim. A intenção é mostrar quem manda e atrair a qualquer custa os holofotes da imprensa.
No gramado do apimentado e polêmico clássico, a disputa era dos garotos do São Paulo contra os já conhecidos nomes do Corinthians. Antes da bola rolar, apesar dos desfalques do lado tricolor, não era possível fazer nenhuma previsão. Poderia-se até arriscar algum palpite e apostar na experiência do lado alvinegro, mas o momento era o mais adequado para o discurso pronto do "respeito ao adversário" ou do "clássico não tem favorito". Aparentemente qualquer um poderia vencer, mas aí entrou em campo o tal inesperado do futebol.
REVEJA OS GOLS DA HISTÓRICA VITÓRIA CORINTIANA:
O jogo caminhava para um empate sonolento ou uma daquelas vitórias magras para qualquer um dos lados, resultado que já seria suficiente para uma piadinha com o rival no dia seguinte. A expulsão de Carlinhos Paraíba pelo lado são paulino e o gol de Danilo antes do primeiro minuto do segundo tempo, mudaram o tradicional formato burocrático de um clássico e fizeram da piadinha corintiana motivo de provocação para anos. Dominando a posse de bola e aproveitando-se da inexperiência do time são paulino, o Corinthians assumiu o comando do jogo e não teve dó. Jogou para massacrar, como qualquer torcida gosta de ver, passando por cima do adversário que se atordoava a cada gol tomado, sem nenhum poder de reação. Nos minutos finais da partida, a exibição de uma estatística resumiu o que foi o jogo. Chutes a gol: Corinthians 27 X 4 São Paulo, números que poderiam ter feito do placar uma goleada ainda mais histórica a favor do alvinegro.
Três meses após o último jogo entre São Paulo e Corinthians, vencido pelo tricolor com direito ao centésimo gol de Rogério Ceni, o alvinegro ganha de 5 a 0 do rival e lhe aplica a maior goleada do clássico em um Campeonato Brasileiro. A torcida corintiana que não podia ver Rogério Ceni nem pintado de ouro após o pesadelo do gol 100, sonhou nesta noite com as falhas do goleiro que deram um sabor especial a goleada. Liedson, que vinha em baixa, marcou logo três para evitar novas cornetas em preto e branco. Goleada histórica, falha feia do ídolo adversário e gritos de "olé" durante a maior parte do segundo tempo. Cenário perfeito para o torcedor corintiano que ainda comemorava os gols do Ceará na vitória sobre o Palmeiras anunciados nos alto falantes do Pacaembu.
O resultado histórico que orgulha a torcida alvinegra e provoca dor de cabeça nos tricolores, no entanto, não altera o cenário para o futuro da competição. Os dois times seguem como fortes candidatos ao título ou ao menos para vagas na Libertadores. O Corinthians foi extremamente superior e soube se aproveitar da fragilidade do adversário, mas deve manter os pés no chão já que hora ou outra o trabalho de Tite é contestado pela mídia assim como o de Carpegiani no São Paulo. Quase demitido após a eliminação na Copa do Brasil, o técnico tricolor conseguiu a sequência de vitórias e surpreendeu ao apostar nos jogadores da base do clube. Meses atrás, Tite também viveu o inferno ao ser eliminado pelo Tolima na pré-Libertadores.
Nem ao céu, nem ao inferno, São Paulo e Corinthians seguem seus destinos e tem grandes motivos para sonhar alto no Brasileiro. Mantendo a regularidade e impedindo a criação de crises que só servem para vender jornal ou provocar rival, os times já mostraram seus pontos fortes e devem dar continuidade aos trabalhos que vem sendo realizados. É hora dos times e técnicos aprenderem a lidar com o teletransporte do futebol. Ele existe, faz a festa de muita torcida e logo logo voltará a dar o ar da graça. E que graça!
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FRASES:
"Voltamos à nossa realidade. Não podemos iludir nossos torcedores. Conseguimos algumas vitórias, mas muitas vezes foi meio aos trancos e barrancos. Temos de colocar os pés no chão, porque não estávamos na realidade. Quarta-feira tem jogo de novo e não adianta ficar um jogando para cima do outro. Temos que novamente ser homens. É o momento de todo mundo estar junto porque precisamos recuperar" - Dagoberto tenta explicar o que aconteceu com São Paulo após a goleada. Apesar da declaração ocorrer em tom de desabafo, as palavras tiveram repercussão negativa entre dirigentes e torcedores do São Paulo que não encaram como realidade uma goleada de tamanha proporção para o rival.
"Não sabia que em São Paulo também tinha chororô... Pensei que fosse só no Rio...AQUI TEM UM BANDO DE LOUCOS...LOUCOS POR TI CORINTHIANS"- Emerson provoca São Paulo em seu Twitter após clube ter realizado críticas a arbitragem da partida.
"No futebol, a experiência é fundamental, mas ela não ganha jogo, senão eu ia me escalar. Com a minha experiência talvez eu pudesse suprir uns dois ou três jogadores" - Paulo César Carpegiani alega falta de experiência como fator determinante para o resultado. Rivaldo, mais uma vez, ficou no banco, mostrando não ser opção para o técnico.
"Deu para perceber que o São Paulo se entregou, diferente do que foi na Arena Barueri, quando competiram bastante. Lá, com um a menos, nossa equipe conseguiu marcar pressão e sufocar. Hoje, foi diferente. Dá para ver como é difícil jogar clássico com um a menos"- Chicão lembra derrota do Corinthians no jogo pelo Campeonato Paulista e comenta fraco desempenho do rival quando esteve com um a menos.
"Eu não vou dormir direito de contente, de feliz. Estou segurando aqui para não abrir demais o sorriso. Respeito o outro lado. A adrenalina está a milhão, o jogo passando na cabeça, os lances, o que falei no vestiário..."- Tite concede declaração após a goleada e demonstra preocupação em não causar polêmica.
"Tivemos uma tarde infeliz. Mas foram algumas situações que nos prejudicaram. Oito dos nossos jogadores ficaram fora. Estivemos bem nos cinco jogos anteriores, e esse foi um percalço, um ponto fora da curva. Não temos modificações a fazer" - João Paulo de Jesus Lopes, vice-presidente de futebol do São Paulo, descarta qualquer alteração no time em razão do resultado contra o Corinthians.